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Marta Sfredo. Como o setor privado se prepara para a COP30 9 de outubro de 2025

A primeira sessão de trabalho do 26° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizada nesta quarta-feira (8), foi uma espécie de pitch: rápidas dicas sobre a necessidade das empresas de não só participar, mas contribuir, com as discussões da COP30, que se realiza no próximo mês em Belém (PA). É um símbolo da importância que o assunto tomou na entidade que tem como objetivo melhorar a governança do setor privado.

Rodrigo Sluminsky, sócio-executivo da Gaia Silva Gaede Advogados, começou esclarecendo o motivo pelo qual as empresas não foram embarcadas desde o início do processo de discussão das metas nacionais de redução de emissões que provocam mudança do clima. Era uma responsabilidade, em tese, exclusiva de países.

“As empresas nunca foram chamadas para esse processo, é difícil até compreender, mas isso tem mudado, até porque o interesse do setor privado está envolvido em todas essas negociações.”

Conforme Sluminsky, é essencial que as empresas dominem o que chamou de “sopa de letrinhas” característico das negociações das COPs. Uma década depois do Acordo de Paris, ponderou, agora é a hora de “fazer acontecer”. E acrescentou que essas discussões também ocorrem em um “ambiente de recursos”, não só financeiros, mas também de informação, sobre tendências e relacionamentos de negócios.

“Neste ano, temos o apelo por uma abordagem mais multidisciplinar, cujo símbolo é a palavra ‘mutirão’, de origem tupi-guarani, que significa mobilização coletiva para uma tarefa em benefício da comunidade”, disse o advogado que acabou de voltar da Climate Week, realizada em Nova York.

Sluminsky ainda observou que a maioria das empresas ainda não se apropriou das métricas e lógicas que determinam os desdobramentos da COP, que tem pela frente uma meta de financiamento climático.

“Por que as empresas não emprestam seu conhecimento nessa área? Sabemos fazer isso bem há muito tempo.”

Lembrou que a COP30 prevê a adoção de metas globais de adaptação que depois serão “cascateadas”, ou seja, precisarão ser observadas pelas empresas.

“E se a empresa se antecipar, pode catalisar esse movimento, que à frente vai significar cumprir eventuais novas leis e regras.”

Argumentou, ainda, que a COP30 prevê fundos para empresas, que podem fazer grande diferença para enfrentar o futuro.

“O reconhecimento da responsabilidade das empresas, da sua função social, no âmbito da COP30, é a compreensão inclusiva do desenvolvimento. Pode-se chamar de ESG, pode-se dar qualquer nome, mas o essencial é colocar mais gente no processo. E como pediu o presidente da COP30 (embaixador André Corrêa do Lago), é preciso transcender mentalidades ultrapassadas.”

Por: Marta Sfredo.

Fonte: GZH.